terça-feira, 22 de setembro de 2009

domingo, 20 de setembro de 2009

domingo, 13 de setembro de 2009

Bibliografia

Bibliografia
OBRAS DO AUTOR
POESIA
- Pedra do sono. Recife: Edição do autor, 1942 (tiragem especial em papel Drexler).- Os três mal-amados. Rio de Janeiro: Revista do Brasil, 1943.- O engenheiro. Rio de Janeiro: Amigos da Poesia, 1945.- Psicologia da composição com a fábula de Anfion e Antiode. Barcelona: O livro inconsútil, 1947.- O cão sem plumas. Barcelona:0 livro inconsútil, 1950. 2a. ed. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1984 (com Fotografias de Maureen Bisilliat).- O rio ou Relação da viagem que faz o Capibaribe de sua nascente à cidade do Recife. São Paulo: Edição da Comissão do IV Centenário de São Paulo, 1954.- Dois parlamentos. Madri: Edição do autor, 1960.- Quaderna. Lisboa: Guimarães Editores, 1960.- A educação pela pedra. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1966.- Museu de tudo. Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1975.- A escola das facas. Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1980.- Auto do frade. Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1984; 2a. edição, Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira 1984 (da 2a. edição foi feita uma tiragem de 100 exemplares em papel vergê).- Agrestes. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1985 (tiragem especial em papel vergê).- Crime na Calle Relator. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1987.- Primeiros poemas. Rio de Janeiro: Edição da Faculdade de Letras da UFRJ, 1990.- Sevilha andando. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1990.
POEMAS REUNIDOS- Poemas reunidos. Rio de Janeiro: Edição de Orfeu, 1954.- Duas águas Rio de Janeiro: Editora José Olympio. 1956 (tiragem especial em papel Westerprin).- Terceira feira. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1961.- Poesias completas. Rio de Janeiro: Editora Sabiá, 1968; 4a. edição, Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1986.- Poesia completa. Lisboa: Imprensa Nacional/Casa da Moeda, 1986.- Museu de tudo e depois (Poesia Completa II). Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1988.
ANTOLOGIAS
- Poemas escolhidos. Seleção de Alexandre O'Neil. Lisboa: Portugália Editora, 1963.- Antologia poética. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1965; 8a. edição, Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1991.
- Morte e vida severina. São Paulo: Teatro da Universidade Católica, 1965.- Morte e vida severina e outros poemas em voz alta. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1966; 6a. edição, Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1974 (inclui O rio, Morte e vida severina e Dois parlamentos); 34a. edição, Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1994 (inclui O rio, Morte e vida severina, Dois parlamentos Auto do frade).- Morte e vida severina. Rio de Janeiro: Editora Sabiá 1969.- O melhor da poesia brasileira (Drummond, Cabral, Bandeira, Vinicius). Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1979.- João Cabral de Melo Neto. Seleção de José Fulaneti de Nadal. São Paulo: Abril Educação, 1982.- Poesia crítica. Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1982.- Morte e vida severina. Litografias de Liliane Dardot. Recife: Grandes Moinhos do Brasil S/A, 1984.- Morte e vida severina e outros poemas em voz alta. Recife: Moinho Recife, 1984 (fora do comércio).- Os melhores poemas de João Cabral de Melo Neto. Seleção de Antonio Carlos Secchin. São Paulo: Global Editora, 1985.- Poemas pernambucanos. Centro Cultural José Mariano. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira 1988 (edição especial fora do comércio).- Poemas sevilhanos. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1992 (edição especial fora do comércio).
PROSA
- Considerações sobre o poeta dormindo. Recife: Renovação 1941.- Joan Miró. Barcelona: Editions de l'Oc, 1950 (com gravuras originais de Miró).- Joan Miró. Rio de Janeiro: Cadernos de Cultura do MEC, 1952.- O Arquivo das Índias e o Brasil [pesquisa histórica]. Rio de Janeiro: Ministério das Relações Exteriores, 1966.- Poesia e composição. Coimbra: Fenda Edições, 1982.
TRADUÇÕES
PARA O ALEMÃO
- Der Hund ohne Federn. Tradução de Willy Keller. Stuttgart: Rot, 1964.- Ausgewählte Gedichte. Tradução de Curt Meyer-Clason. Frankfurt: Suhrkamp Verlag, 1968.- Der Hund ohne Federn. Gedichte. Tradução de Curt Meyer-Clason. Hamburgo e Dusseldorf: Classen Verlag, 1970.- Poesiealbum. Tradução de Curt Meyer-Clason. Berlim: Verlag Neues Leben, 1975.- Tod und Leben des Severino. Tradução de Curt Meyer-Clason. Wuppertal: Peter Hammer Verlag, 1975.- Tod und Leben des Severino. Tradução de Curt Meyer-Clason, St. Gallen/Wuppertal: Edition diá, 1985.- Tod und Leben des Severino. Tradução de Curt Meyer-Clason. Munique/Zurìque: Piper, 1988.- Der Weg des Monchs. Tradução de Curt Meyer-Clason. St. Gallen/Colônia: Edition diá, 1988.- Erziehung durch den Stein. Tradução de Curt Meyer-Clason. Frankfurt am Main: Suhrkamp Verlag, 1989.- Der Fluss (Das Triptychon des Capibaribe). Tradução de Curt Meyer-Clason. St Gallen: Edition diá, 1993.
PARA O ESPANHOL
- Seis poemas de "Serial". Tradução de Angel Crespo. Madri: Separata da Revista de Cultura Brazileña, 1962.- Poemas sobre España de João Cabral de Melo Neto. Tradução de Angel Crespo e Pilar Gómez Bedate. Madri:Separata de Cuadernos Hispanoamericanos, 1964.- Muerte y vida severina.Tradução de Angel Crespo e Gabino-Alejandro Carriedo. Madri: Primer Acto, 1966.- Muerte y vida severina.Tradução de Angel Crespo e Gabino-Alejandro Carriedo. Lima: Instituto Nacional de Arte Dramatico, 1969.- Antología poética. Seleção e tradução de Margarita Russotto. Caracas: Fundarte. 1979.- Poemas. Tradução de Carlos Germán Belli. Lima: Centro de Estudos Brasileños, 1979.- Dos parlamentos. Tradução de Gabino-Alejandro Carriedo, Madri: Poesia, 1980.- La educación por la piedra.Tradução de Pablo del Barco. Madri: Edicion Visor, 1982.- Muerte y vida severina. Auto del fraile. Tradução de Santiago Kovadloff. Buenos Aires: Edición Legasa, 1988.- Antología poética. Tradução de Angel Crespo. Barcelona: Editorial Lumen, 1990.
PARA O ITALIANO
- Morte e vita severina (inclui Il cane senza plume e Il fiume). Torino: Giulio Einaudi Editore, 1973.- Museo di tutto. Tradução de Adelina Aletti. Milão: Libri Scheiwiller, 1990.
PARA 0 INGLÊS
- The Complete Poems of Elizabeth Bishop. Nova York: Farrar, Strauss & Giroux, 1969.- Two parliaments and Poems. Tradução de Richard Spock. In Brazilian Painting and Poetry. Rio de Janeiro:Spala Editora, 1979.- A Knife all Blade. Tradução de Kerry Shawn Keys. Pennsylvania: Pine Press, 1980.
PARA 0 HOLANDÊS
- Gedichen. Tradução de August Willlemsen. Leiden, Uitgeverij de Lantarn, 1981.
PARA O FRANCÊS
- Joan Miró. Tradução de Henri Moreu. Barcelona: Editions de l'Oc, 1950.
PREFÁCIOS
- Collor, Fernando, e Lafer, Celso. Prefácios a Poemas sevilhanos. Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira, 1992.- Lewin, Willy. Prefácio a Pedra do sono, Recife: Edição do Autor, 1942.- Lopes, Oscar. Prefácio a Poesia completa. Lisboa: Editora da Imprensa Nacional/Casa da Moeda,1986.- Maranhão, Gustavo de Albuquerque. Prefácio a Poemas pernambucanos. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira,1988.- Oliveira, Marly de. Prefácio a Museu de tudo e depois (Poesia completa II). Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1988.- Rodrigues, José Honório. Prefácio a O Brasil no Arquivo das Índias de Sevilha. Rio de Janeiro: Ministério das Relações Exteriores, 1966.- Secchin, Antonio Carlos. Prefácio a Os melhores poemas de João Cabral de Melo Neto. São Paulo: Global Editora, 1985.- ___________. Prefácio a Primeiros poemas. Rio de Janeiro: Faculdade de Letras da UFRJ, 1990.- Torres, Alexandre Pinheiro. Prefácio a Poemas escolhidos. Lisboa: Portugália Editora, 1963.
LIVROS SOBRE O AUTOR
- Afonso, Antonio José Ferreira. João Cabral: uma teoria da luz. Braga: Faculdade de Filosofia,1993.- Andrade, Eugênio de, et alii. O TUCA no Porto. Porto: Plano, 1966.- Barbosa, João Alexandre. A imitação da forma. São Paulo: Livraria Duas Cidades, 1975.- Bechara, Eli Nazareth. Cabral: dois momentos no tecer da manhã. São José do Rio Preto: Centro de Publicações, Ibilce, UNESP, 1991.- Brasil, Assis. Manuel e João. Rio de Janeiro: lmago Editra, 1990.- Cafezeiro, Alice F.L.A. A estrutura semântica em "Tecendo a Manhã", de João Cabral de Melo Neto. Petrópolis: Editora Vozes. 1966.- Camlong, André. Le vocabulaire poétique de João Cabral de Melo Neto. Toulouse: Cahier nº. 1, Centre d'Étude Lexicologique, Université de Toulouse, 1978.- Carone, Modesto. A poética do silêncio. São Paulo: Editora Perspectiva, 1979.- Ciampa, Antônio da Costa. A estória do Severino e a história da Severina. São Paulo: Editora Brasiliense 1987.- Crespo, Angel e Gómez Bedate, Pilar. Realidad y forma en la poesia de Cabral de Melo. Madri: Revista de Cultura Brasileña, 1964.- Escorel, Lauro. A pedra e o rio. São Paulo: Livraria Duas Cidades, 1973.- Gledson, John A. Sleep, Poetry and João Cabral's "false book": a revaluation of Pedra do Sono. Liverpool: Separata do Bulletin of Hispanic Studies, University of Liverpool, 1978.- Gonçalves, Aguinaldo. Transição e permanência. São Paulo: Iluminuras Produções Editoriais Ltda., 1989.- Lima, Luís Costa. Lira e antilira. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1968.- _______. O espaço da percepção. Petrópolis: Editora Vozes, 1968. - Lobo, Danilo. O poema e o quadro. Rrasília: Thesaurus Editora, 1981.- Lopes Filho, Napoleão. Interpretação silenciosa de dois poemas de João Cabral de Melo Neto. Lisboa: Ocidente, 1964.- Mamede, Zila. Civil geometria [bibliografia crítica]. São Paulo: Livraria Nobel, EDUSP, 1987.- Martelo, Rosa Maria. Estrutura e transposição. Porto: Fundação Eng. Antonio de Almeida. 1989.- Mendes, Nancy Maria. Ironia, sátira, paródia e humor na poesia de João Cabral de Melo Neto. Belo Horizonte:Universidade Federal de Minas Gerais, 1980.- Nadal, José Fulaneti de (seleção). João Cabral de Melo Neto. Notas e estudos de Samira Youssef Campedelli e Benjamin Abdala Jr. São Paulo: Abril Educação, 1982.- Nunes, Benedito. João Cabral de Melo Neto. Petrópolis: Editora Vozes, 1971.- Oliveira, Célia Terezinha Guidão da Veiga. O lexema seda num poema de João Cabral de Melo Neto. Petrópolis Editora Vozes, 1971.- Oliveira, Marly de. O deserto jardim. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1990.- Peixoto, Marta. Poesia com coisas. São Paulo: Editora Perspectiva, 1983.- Pires Filho, Ormindo. A contestação em João Cabral de Melo Neto. Recife: Instituto Joaquim Nabuco, 1977.- Prado, Antônio Lázaro de Almeida. Rosa tetrafoliar, uma leitura de "A educação pela pedra". Assis: UNESP, Separata da Revista de Letras, 1976.- Sampaio, Maria Lúcia Pinheiro. Os meios de expressão na obra de João Cabral de Melo Neto. São Paulo, Universidade de São Paulo, 1973.- _________. A palavra na obra de João Cabral de Melo Neto. Assis: Separata da Revista de Letras, 1975.- _________. Processos retóricos na obra de João Cabral de Melo Neto. São Paulo: HUCITEC, 1980.- Secchin, Antonio Carlos. João Cabral: a poesia do menos. São Paulo: Livraria Duas Cidades, 1985.- Senna, Marta de. João Cabral: tempo e memória. Rio de Janeiro: Antares, 1980.- Soares, Angélica Maria Santos. O poema, construção às avessas. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1978.- ______. The Rigors of Necessity. Oklahoma: World Literature Today, The University of Oklahoma, 1992.
ENSAIOS EM LIVROS SOBRE O AUTOR
- Almeida, José Américo de. Discurso de recepção de João Cabral de Melo Neto. Rio de Janeiro: Discursos acadêmicos, Academia Brasileira de Letras, 1969.- Aslan, Odette e Meyer, Marlyse. Les voies de la création théatrale. Paris: Centre National de Recherches Scientifiques, 1970.- Ávila, Afonso. O poeta e a consciência crítica. São Paulo: Summus Editorial, 1978.- Barata, Manuel Sarmento. Canto melhor. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1969.- Barbosa, João Alexandre. A metáfora crítica. São Paulo: Editora Perspectiva, 1974.- ______. As ilusões da modernidade. São Paulo: Editora Perspectiva, 1986.- Brito, Jomar Muniz de. Do modernismo à bossa nova. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1966.- Campos, Augusto de. Poesia, antipoesia, antropofagia. São Paulo: Cortez & Moraes, 1978.- Campos, Haroldo de. Metalinguagem. Petrópolis: Editora Vozes, 1967.- ______. Verso reverso controverso. São Paulo: Editora Perspectiva, 1978.- Carone, Modesto. Os pobres na literatura brasileira. São Paulo: Brasiliense, 1983.- Casado, José. Livro branco da crítica literária, Maceió: s.n., 1966.- Castro, Sílvia. A revolução da palavra. Petrópolis: Editora Vozes, 1978.- Ceribelli, Dirce Teresa. Poética e função metalingüística. São Paulo: PVS, 1974.- Chamie, Mario. A linguagem virtual. São Paulo: Quiron, 1976.- ______. Casa da época. São Paulo: Conselho Estadual das Artes, 1979.- Coelho, Eduardo Prado. O reino flutuante. Lisboa: Editora 70, 1972.- Coelho, Nelly Novaes. Língua e literatura. São Paulo: Faculdade de Filosofia, 1978.- Crispim, Luiz Augusto. Por uma estética do real. João Pessoa: A União Editora, 1969.- Ferrara, Lucrécia d'Alessio. O texto estranho. São Paulo: Editora Perspectiva, 1978.- Ferreira, Nadia Paulo. Teoria de literatura. Petrópolis: Editora Vozes, 1971.- Fonseca, José Paulo Moreira da. Dez fragmentos e um poema sobre a poesia de João Cabral. Rio de Janeiro:Spala, 1979.- Fortuna, Felipe. A escola da sedução. Porto Alegre: Editora Artes e Ofícios, 1991.- Freixeiro, Fábio. Da razão à emoção I. São Paulo: Editora Nacional, 1968.- ______. Da razão à emoção II. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1971.- Garcia, Othon Moacir. A página branca e o deserto. Rio de Janeiro: Revista da Livro, 1957.- Goldstein, Norma Seltzer, e Campedelli, Samira Youssef. Literatura brasileira. São Paulo: Editora Ática, 1976.- Guerra, José Augusto. Testemunhas de crítica. Recife: Editora Universitária, 1974.- Gullar, Ferreira. Cultura posta em questão. Rio de Janeiro: Editora Civilizaçãn Brasileira, 1965.- ______. Vanguarda e subdesenvolvimento. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1969.- ______. Augusto dos Anjos: toda a poesia. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1976.- Hill, Telenia. Estudos de crítica e teoria literária. Rio de Janeiro: Editora Francisco Alves, 1989.- ______. L'homme dans la modernité. Paris: Sorbonne, 1990.- Holanda. Sergio Buarque de. Cobra de vidro. São Paulo: Editora Perspectiva. 1978.- Houaiss, Antonio. Drummond mais seis poetas e um problema. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1976.- Junqueira, Ivan. O encantador de serpentes. Rio de Janeiro: Editora Alhambra, 1987.- Leite, Sebastião Uchoa. Participação da palavra poética. Petrópolis: Editora Vozes, 1966.- ______. Crítica clandestina. Rio de Janeiro: Editora Taurus, 1986.- Lima, Laurênio. Crônica de letras pernambucanas. Recife: Imprensa Universitária, 1965.- Lima, Luís Costa. A metamorfose do silêncio. Rio de Janeiro: Editora Eldorado, 1974.- ______. Dispersa demanda. Rio de Janeiro: Francisco Alves Editora, 1981.- Lins, Álvaro. Os mortos de sobrecasaca. Rio de Janeiro: Ed. Civilização Brasileira, 1963.- Lopes, Oscar. Ler e depois. Porto: Editora Inova, 1970.- Mantero, Manuel. La poesia del "yo" al "nosotros". Madri: Editora Guadanama, 1971.- Mendes, Nancy Maria. Ensaios de semiótica. Belo Horizonte: Faculdade de Letras da UFMG, 1980.- Merquior, José Guilherme. Razão do poema. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1965.- ______. A astúcia da mímese. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1972.- ______. As idéias e as formas. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1981.- ______. Crítica. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1990.- Moises, Carlos Felipe. Poesia e realidade. São Paulo: Editora Cultrix, 1977.- Monteiro, lrma Chaves. A traição da linguagem. Rio de Janeiro: Pontifícia Universidade Católica/RJ, 1976.- Moutinho, José Geraldo Nogueira. A procura do número. São Paulo: Conselho Estadual de Cultura, 1967.- Nemésio, Vitorino. Conhecimento da poesia. Salvador: Livraria Progresso Editora, 1958.- ______. Conhecimento da poesia. Lisboa: Verbo, 1970.- Nist, John. The Modernist Movement in Brazil. Austin: University of Texas Press, 1967.- Nunes, Benedito. O dorso do tigre. São Paulo: Editora Perspectiva, 1969.- ______. João Cabral de Melo Neto. Petrópolis: Editora Vozes, 1971.- Nunes, Cassiano. Breves estudos de literatura brasileira. São Paulo: Editora Saraiva, 1969.- Pereira Couto, Alberto Novais. As diversas correntes do teatro moderno brasileiro. Coimbra, 1966.- Picchio, Luciana Stegagno. Letteratura brasiliana. Milão: Sansoni Accademia, 1972.- ______. La littérature brésilienne. Paris: Presses Universitaires de France, 1981.- Pignatari, Décio. Contracomunicação. São Paulo: Editora Perspectiva, 1971.- Pires Filho, Ormindo. O social e outros ensaios. São Paulo: Quiron, 1976.- Portela, Eduardo. Dimensões I. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1978.- Ramos, Maria Luiza. Fenomenologia da obra literária. Rio de Janeiro: Editora Forense, 1969.- Ricardo, Cassiano. O homem cordial e outros pequenos estudos brasileiros. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1959.- Santa Cruz, Luís. A metapoética de João Cabral através de Joaquim Cardoso. Rio de Janeiro: Senhor, 1962.- Santos, Vitto. Poesia e humanismo. Rio de Janeiro: Artenova, 1971.- Saraiva, Arnaldo. Encontros des-encontros. Porto: Livraria Paisagem, 1973.- Secchin, Antonio Carlos. Morte e vida cabralina. Rennes: Universidade de Rennes II, 1991.- Silva, Amazildo Vasconcelos. Lírica modernista e percurso literário brasileiro. Rio de Janeiro: Editora Rio, 1978.- SilvA Ramos, Pericles Eugênio de. O modernismo brasileiro. Rio de Janeiro: Livraria São José, 1959.- Simões, João Gaspar. Crítica II. Lisboa: Delfos, 1961.- ______. Literatura, literatura, literatura... Lisboa: Portugália Editora, 1964.- Teles, Gilberto Mendonça. La poesia brasileña en la actualidad. Montevidéu: Editorial Letras, 1969.- Torres, Alexandre Pinheiro. Programa para o concreto. Lisboa: Ulisseia Ltda., 1966.- Tufano, Douglas. Estudos de literatura brasileira. São Paulo: Editora Moderna, 1975. - Xavier, Raul. Romance e poesia do Norte. Rio de Janeiro, Categoria; Brasília, Instituto Nacional do Livro, 1980.- Zagury, Eliane. A palavra e os ecos. Petrópolis: Editora Vozes, 1971.
FILMES
- O curso do poeta. Produtores: Fernando Sabino e David Neves. Roteiro e direção de ]orge Laclette, 1973.- Morte e vida severina: um filme documento. Direção de Zelito Vianna, 1976.- O mundo espanhol de João Cabral de Melo Neto. Produção e direção de Carlos Henrique Maranhão,1979.- Morte e vida severina. Direção de Walter Avancini. TV Globo, 1981.- O ovo de galinha. Recitado por Ney Latorraca. TV Globo, 1980.
DISCOCRAFIA
- Poesias - Murilo Mendes e João Cabral de Melo Neto. Lp 010. Festa, Discos Ltda., 1956.- O Teatro da Universidade Católica de São Paulo apresenta Morte e vida severina. P. 932.900 L., Nancy, 1966.- Morte e vida severina - Música de Chico Buarque de Holanda, Car 4002, Caritas.- João Cabral de Melo Neto por ele mesmo. IG 79.029. Festa, Serie de Lux. s/d.- Poemas de João Cabral de Meto Neto. 2 discos. Som Livre, 1982.
ÓPERA
- Severino: Auto de Navidad - Música de Salvador Moreno.Ópera de Bellas Artes, México. 1966 (Apresentado antes no Teatro Lyceu de Barcelona).
Dados obtidos nos livros do autor, em "Obra Completa", organizada por Marly de Oliveira com assistência do autor e em sites da Internet.

O autor

João Cabral de Melo Neto








Nome: João Cabral de Melo Neto
Nascimento:09/01/1920
Natural:Recife - PE
Morte:09/10/1999









"...E não há melhor respostaque o espetáculo da vida:vê-la desfiar seu fio,que também se chama vida,ver a fábrica que ela mesma,teimosamente, se fabrica,vê-la brotar como há poucoem nova vida explodida;mesmo quando é assim pequenaa explosão, como a ocorrida;mesmo quando é uma explosãocomo a de há pouco, franzina;mesmo quando é a explosãode uma vida severina."
(Morte e Vida Severina)
João Cabral de Melo Neto nasceu na cidade de Recife - PE, no dia 09 de janeiro de 1920, na rua da Jaqueira (depois Leonardo Cavalcanti), segundo filho de Luiz Antônio Cabral de Melo e de Carmem Carneiro-Leão Cabral de Melo. Primo, pelo lado paterno, de Manuel Bandeira e, pelo lado materno, de Gilberto Freyre. Passa a infância em engenhos de açúcar. Primeiro no Poço do Aleixo, em São Lourenço da Mata, e depois nos engenhos Pacoval e Dois Irmãos, no município de Moreno.
Em 1930, com a mudança da família para Recife, inicia o curso primário no Colégio Marista. João Cabral era um amante do futebol, tendo sido campeão juvenil pelo Santa Cruz Futebol Clube em 1935.
Foi na Associação Comercial de Pernambuco, em 1937, que obteve seu primeiro emprego, tendo depois trabalhado no Departamento de Estatística do Estado. Já com 18 anos, começa a freqüentar a roda literária do Café Lafayette, que se reúne em volta de Willy Lewin e do pintor Vicente do Rego Monteiro, que regressara de Paris por causa da guerra.
Em 1940 viaja com a família para o Rio de Janeiro, onde conhece Murilo Mendes. Esse o apresenta a Carlos Drummond de Andrade e ao círculo de intelectuais que se reunia no consultório de Jorge de Lima. No ano seguinte, participa do Congresso de Poesia do Recife, ocasião em que apresenta suas Considerações sobre o poeta dormindo.
1942 marca a publicação de seu primeiro livro, Pedra do Sono. Em novembro viaja, por terra, para o Rio de Janeiro. Convocado para servir à Força Expedicionária Brasileira (FEB), é dispensado por motivo de saúde. Mas permanece no Rio, sendo aprovado em concurso e nomeado Assistente de Seleção do DASP (Departamento de Administração do Serviço Público). Freqüenta, então, os intelectuais que se reuniam no Café Amarelinho e Café Vermelhinho, no Centro do Rio de Janeiro. Publica Os três mal-amados na Revista do Brasil.
O engenheiro é publicado em 1945, em edição custeada por Augusto Frederico Schmidt. Faz concurso para a carreira diplomática, para a qual é nomeado em dezembro. Começa a trabalhar em 1946, no Departamento Cultural do Itamaraty, depois no Departamento Político e, posteriormente, na comissão de Organismos Internacionais. Em fevereiro, casa-se com Stella Maria Barbosa de Oliveira, no Rio de Janeiro. Em dezembro, nasce seu primeiro filho, Rodrigo.
É removido, em 1947, para o Consulado Geral em Barcelona, como vice-cônsul. Adquire uma pequena tipografia artesanal, com a qual publica livros de poetas brasileiros e espanhóis. Nessa prensa manual imprime Psicologia da composição. Nos dois anos seguintes ganha dois filhos: Inês e Luiz, respectivamente. Residindo na Catalunha, escreve seu ensaio sobre Joan Miró, cujo estúdio freqüenta. Miró faz publicar o ensaio com texto em português, com suas primeiras gravuras em madeira.
Removido para o Consulado Geral em Londres, em 1950, publica O cão sem plumas. Dois anos depois retorna ao Brasil para responder por inquérito onde é acusado de subversão. Escreve o livro O rio, em 1953, com o qual recebe o Prêmio José de Anchieta do IV Centenário de São Paulo (em 1954). É colocado em disponibilidade pelo Itamaraty, sem rendimentos, enquanto responde ao inquérito, período em que trabalha como secretário de redação do Jornal A Vanguarda, dirigido por Joel Silveira. Arquivado o inquérito policial, a pedido do promotor público, vai para Pernambuco com a família. Lá, é recebido em sessão solene pela Câmara Municipal do Recife.
Em 1954 é convidado a participar do Congresso Internacional de Escritores, em São Paulo. Participa também do Congresso Brasileiro de Poesia, reunido na mesma época. A Editora Orfeu publica seus Poemas Reunidos. Reintegrado à carreira diplomática pelo Supremo Tribunal Federal, passa a trabalhar no Departamento Cultural do Itamaraty.
Duas alegrias em 1955: o nascimento de sua filha Isabel e o recebimento do Prêmio Olavo Bilac da Academia Brasileira de Letras. A Editora José Olympio publica, em 1956, Duas águas, volume que reúne seus livros anteriores e os inéditos: Morte e vida severina, Paisagens com figuras e Uma faca só lâmina. Removido para Barcelona, como cônsul adjunto, vai com a missão de fazer pesquisas históricas no Arquivo das Índias de Sevilha, onde passa a residir.
Em 1958 é removido para o Consulado Geral em Marselha. Recebe o prêmio de melhor autor no Festival de Teatro do Estudante, realizado no Recife. Publica em Lisboa seu livro Quaderna, em 1960. É removido para Madri, como primeiro secretário da embaixada. Publica, em Madri, Dois parlamentos.
Em 1961 é nomeado chefe de gabinete do ministro da Agricultura, Romero Cabral da Costa, e passa a residir em Brasília. Com o fim do governo Jânio Quadros, poucos meses depois, é removido outra vez para a embaixada em Madri. A Editora do Autor, de Rubem Braga e Fernando Sabino, publica Terceira feira, livro que reúne Quaderna, Dois parlamentos, ainda inéditos no Brasil, e um novo livro: Serial.
Com a mudança do consulado brasileiro de Cádiz para Sevilha, João Cabral muda-se para essa cidade, onde reside pela segunda vez. Continuando seu vai-e-vem pelo mundo, em 1964 é removido como conselheiro para a Delegação do Brasil junto às Nações Unidas, em Genebra. Nesse ano nasce seu quinto filho, João.
Como ministro conselheiro, em 1966, muda-se para Berna. O Teatro da Universidade Católica de São Paulo produz o auto Morte e Vida Severina, com música de Chico Buarque de Holanda, primeiro encenado em várias cidades brasileiras e depois no Festival de Nancy, no Théatre des Nations, em Paris e, posteriormente, em Lisboa, Coimbra e Porto. Em Nancy recebe o prêmio de Melhor Autor Vivo do Festival. Publica A educação pela pedra, que recebe os prêmios Jabuti; da União de Escritores de São Paulo; Luisa Cláudio de Souza, do Pen Club; e o prêmio do Instituto Nacional do Livro. É designado pelo Itamaraty para representar o Brasil na Bienal de Knock-le-Zontew, na Bélgica.
1967 marca sua volta a Barcelona, como cônsul geral. No ano seguinte é publicada a primeira edição de Poesias completas. É eleito, em 15 de agosto de 1968, para a Academia Brasileira de Letras na vaga de Assis Chateaubriand. É recebido em sessão solene pela Assembléia Legislativa de Pernambuco como membro do Conselho Deliberativo da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (SBAT).
Toma posse na Academia em 06 de maio de 1969, na cadeira número 6, sendo recebido por José Américo de Almeida. A Companhia Paulo Autran encena Morte e vida severina em diversas cidades do Brasil. É removido para a embaixada de Assunção, no Paraguai, como ministro conselheiro. Torna-se membro da Hispania Society of America e recebe a comenda da Ordem de Mérito Pernambucano.
Após três anos em Assunção, é nomeado embaixador em Dacar, no Senegal, cargo que exerce cumulativamente com o de embaixador da Mauritânia, no Mali e na Giné-Conakry.
Em 1974 é agraciado com a Grã-Cruz da Ordem de Rio Branco. No ano seguinte publica Museu de Tudo, que recebe o Grande Prêmio de Crítica da Associação Paulista de Críticos de Arte. É agraciado com a Medalha de Humanidades do Nordeste.
Em 1976 é condecorado Grande Oficial da Ordem do Mérito do Senegal e, em 1979, como Grande Oficial da Ordem do Leão do Senegal. É nomeado embaixador em Quito, Equador e publica A escola das facas.
A convite do governador de Pernambuco, vai a Recife (em 1980) para fazer o discurso inaugural da Ordem do Mérito de Guararapes, sendo condecorado com a Grã-Cruz da Ordem. Ali é inaugurada uma exposição bibliográfica de sua obra, no Palácio do Governo de Pernambuco, organizada por Zila Mamede. Recebe a Comenda do Mérito Aeronáutico e a Grã-Cruz do Equador.
No ano seguinte vai para Honduras, como embaixador. Publica a antologia Poesia crítica.
Em 1982 é agraciado com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Vai para a cidade do Porto, em Portugal, como cônsul geral. Recebe o Prêmio Golfinho de Ouro do Estado do Rio de Janeiro. Publica Auto do frade, escrito em Tegucigalpa.
Ganha o Prêmio Moinho Recife, em 1984 e, no ano seguinte, publica os poemas de Agrestes. Nesse livro há uma sessão dedicada à morte ("A indesejada das gentes"). Em 1986 é agraciado com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Pernambuco. Sua esposa, Stella Maria, falece no Rio de Janeiro. João Cabral reassume o Consulado Geral no Porto. Casa-se em segundas núpcias com a poeta Marly de Oliveira.
Em 1987 publica Crime na Calle Relator, poemas narrativos. Recebe o prêmio da União Brasileira de Escritores. É removido para o Rio de Janeiro.
Em Recife, no ano de 1988, lança sua antologia Poemas pernambucanos. Publica, também, o segundo volume de poesias completas: Museu de tudo e depois. Recebe o Prêmio da Bienal Nestlé de Literatura pelo conjunto da obra, e o Prêmio Lily de Carvalho da ABCL, Rio de Janeiro.
Aposenta-se como embaixador em 1990 e publica Sevilha andando. É eleito para a Academia Pernambucana de Letras, da qual havia recebido, anos antes, a medalha Carneiro Vilela. Recebe os seguintes prêmios: Criadores de Cultura da Prefeitura do Recife, Luis de Camões (concedido conjuntamente pelos governos de Portugal e do Brasil), em Lisboa. É condecorado com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito Judiciário e do Trabalho. A Faculdade Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro publica Primeiros Poemas.
Outros prêmios: Pedro Nava (1991) pelo livro Sevilha andando; Casa das Américas, concedido pelo Estado de São Paulo (1992); e também nesse ano o Neustadt International Prize for Literature, da Universidade de Oklahoma. Viaja a Sevilha para representar o presidente da República nas comemorações do dia 7 de Setembro, que tiveram lugar na Exposição do IV Centenário da Descoberta da América. No Pavilhão do Brasil, foi distribuída sua antologia Poemas sevilhanos, em edição especial. No Rio de Janeiro, na Casa da Espanha, recebe do embaixador espanhol a Grã-Cruz da Ordem de Isabel, a Católica.
Em 1993 recebe o Prêmio Jabuti, instituído pela Câmara Brasileira do Livro.
João Cabral era atormentado por uma dor de cabeça que não o deixava de forma alguma. Ao saber, anos atrás, que sofria de uma doença degenerativa incurável, que faria sua visão desaparecer aos poucos, o poeta anunciou que ia parar de escrever. Já em 1990, com a finalidade de ajudá-lo a vencer os males físicos e a depressão, Marly, sua segunda esposa, passa a escrever alguns textos tidos como de autoria do biografado. Conforme declarações de amigos, escreveu o discurso de agradecimento feito pelo autor ao receber o Prêmio Luis de Camões, considerado o mais importante prêmio concedido a escritores da língua portuguesa, entre outros. Foi a forma encontrada para tentar tirá-lo do estado depressivo em que se encontrava. Como não admirava a música, o autor foi perdendo também a vontade de falar ("Não tenho muito o que dizer", argumentava). Era, sem dúvida, o nosso mais forte concorrente ao prêmio Nobel, com diversas indicações dos mais variados segmentos de nossa sociedade.
Transcrevemos abaixo o discurso proferido por Arnaldo Niskier, presidente da Academia Brasileira de Letras, por ocasião da morte do poeta, em 09/10/99:
"Adeus a João Cabral"
"Severino retirante,deixe agora que lhe diga:eu não sei bem a respostada pergunta que fazia,se não vale mais saltarfora da ponte e da vida;nem conheço essa resposta,se quer mesmo que lhe diga;é difícil defender,só com palavras, a vida,ainda mais quando ela éesta que vê, Severina;mas se responder não pudeà pergunta que faziaela, a vida, a respondeucom sua presença viva."
Vida que foi para João Cabral uma bonita e ao mesmo tempo sofrida obra de engenharia poética, como demonstrou no seu inesquecível Morte e Vida Severina.
Aqui está o poeta João Cabral de Melo Neto, presente pela última vez na Academia Brasileira de Letras, de que foi, por 30 anos, uma das figuras fundamentais. Aos 79 anos, apaga-se a voz de significação universal, com a singularidade do seu verso, tantas vezes lembrado para a glória do Prêmio Nobel de Literatura.
A nossa dor, que é também a da sua companheira Marly de Oliveira e dos seus filhos e demais parentes, não apaga da nossa memória a convicção de que foi ele um dos maiores poetas brasileiros de todos os tempos - o poeta da razão - que jamais esqueceu, mesmo nos 40 anos de vida diplomática, as suas raízes pernambucanas. O homem que soube desenhar em versos cálidos a saga do retirante nordestino, quando ainda não havia passado dos 35 anos de idade.
João Cabral, o poeta João, que não se conformava em perfumar a flor, é o mesmo que escreveu aos 22 anos o livro Pedra do Sono, para depois nos brindar, entre outros, com O engenheiro, O cão sem plumas, Poesias completas, A educação pela pedra e o antológico Morte e Vida Severina, com versões no teatro e na mídia eletrônica.
Fecham-se os olhos cansados do poeta João e não conseguimos realizar o sonho que agora desvendo: ver o América Futebol Clube voltar aos seus dias de glória. Nem o daqui do Rio, nem aquele que era a sua verdadeira paixão: o América do Recife.
Quando preparava com ele a Cabraliana, que foi o seu primeiro audiolivro, ouvi fantásticas histórias da vida diplomática, especialmente dos tempos de Portugal, Espanha e Marrocos, além de nele reconhecer um orgulho especial pela família, parente que foi de grandes escritores brasileiros, como Gilberto Freyre, Manuel Bandeira, Mauro Mota e Antônio de Moraes e Silva, o famoso Moraes do Dicionário de Língua Portuguesa. Parece que era herdeiro, no seu jeito tão humilde e cativante, de uma genética literária originalíssima.
É compreensível a nossa consternação. Enquanto a saúde permitiu, honrou esta casa com a sua assiduidade e o seu sentimento da mais pura cordialidade. Sofrendo agora com o seu silêncio, curvamo-nos diante do grande poeta, para afirmar que a Academia sempre o terá presente, com a saudade e a admiração de todos os seus confrades.

A Peça

Em forma de poema a peça apresenta a história de um dos tantos Severinos de Maria, filhos de Zacarias que saíam da Paraíba pra fugir da velhice que mata os jovens aos trinta anos, da seca e da fome. Este Severino parte das terras à beira da serra e segue o caminho para o Recife, no caminho encontra-se com dois homens que levam um defunto. Esse havia morrido de “morte matada” em uma emboscada por uma bala que estava perdida no vento. Tinha uma pequena terra onde plantava. Severino então ajuda a levar o defunto ao cemitério que cruzava seu caminho e assim seguiu ele com um dos homens e o falecido.
Quem guiava o caminho de Severino era o Rio Capibaribe, mas ele havia sido cortado pelo verão. Ele encontra em uma cidade um homem sendo velado. Mais tarde resolve parar no local onde está e interromper sua jornada e tenta ali encontrar um trabalho, mas na cidade o que ele sabe fazer, plantar e pastorear, não tem serventia, pois o único negócio da cidade é a morte. Severino segue na sua emigração e chega à Zona da Mata, uma terra macia diferente da que ele conhecia. Ali ele acredita que a vida não é vivida junto com a morte e que nessa terra o cemitério praticamente não funciona. Ele acaba por ouvir a conversa de amigos de um morto recém enterrado e resolve seguir mais rápido para chegar logo ao Recife. Ele não esperava muita coisa do destino, apenas seguia para escapar da velhice que chegava mais cedo na sua terra. Não tinha grandes ambições. Finalmente Severino chega ao Recife, quando pára pra descansar ao lado de um muro ouve a conversa de dois coveiros. Cada um fala sobre a área do cemitério em que trabalha e como ali há muitos mortos e assim, muito serviço, e como nas outras áreas há menos enterros e ainda se ganha gorjeta.
Os dois ainda falam sobre as pessoas que migram do sertão e que só tendo o mar pela frente se instalam, vivem na lama e comem siri; e depois que morrem são enterrados no seco. Antes fossem jogados nos rios, seria mais barato e acabaria no mar sem mais problemas. Severino se surpreende, vê que migrara seguindo o seu enterro, mas já que não viajou esperando grandes coisas segue o rio que, segundo os coveiros, faria um enterro melhor. Anda e se encontra com um morador da beira do rio. Ficam ali falando sobre o rio, sobre a fome e sobre a vida. Até que José, o morador, é chamado, seu filho nascera.
Severino fica de fora sem tomar parte em nada, os vizinhos chegam, cumprimentam os pais, dão presentes que sua pobreza permite, falam sobre o menino e ainda duas ciganas falam sobre o futuro dele.
Por fim, o recém pai fala a Severino que a pergunta dele sobre a vida ele não sabe responder mais que apenas deve-se viver a vida.

Resumo da Obra - Foco Narrativo - Gênero -

Resumo da Obra

O retirante Severino deixa o sertão pernambucano em busca do litoral, na esperança de uma vida melhor. Entre as passagens, ele se apresenta ao leitor e diz a que vai, encontra dois homens (irmãos das almas) que carregam um defunto numa rede. Severino conversa com ambos e acontece um denúncia contra os poderosos, mandantes de crimes e sua impunidade.
O rio-guia está seco e com medo de se extraviar, sem saber para que lado corria o rio, ele vai em direção de uma cantoria e dá com um velório. As vozes cantam excelências ao defunto, enquanto do lado de fora, um homem vai parodiando as palavras dos cantadores.. Cansado da viagem, Severino pensa em interrompê-la por uns instantes e procurar trabalho.
Ele se dirige a uma mulher na janela e se oferece, diz o que sabe fazer. A mulher, porém é uma rezadeira. O retirante chega então à Zona da Mata e pensa novamente em interromper a viagem. Assiste, então, ao enterro de um trabalhador do eito e escuta o que os amigos dizem do morto. Por todo o trajeto e em Recife, ele só encontra morte e compreende estar enganado com o sonho da viagem: a busca de uma vida mais longa.
Ele resolve se suicidar, como que adiantando a morte, nas águas do Capiberibe. Enquanto se prepara para o desenlace, conversa com seu José‚ mestre carpina, para quem uma mulher anuncia que seu filho havia nascido. Severino, então, assiste à encenação celebrativa do nascimento, como se fora um auto de Natal. Seu José tenta dissuadi-lo do suicídio. A peça é apresentada com músicas de Chico Buarque de Hollanda.

Foco Narrativo

O foco narrativo dfo poema Morte e Vida Severina é em 1a. pessoa

Genero

O poema é narrativo com seu genero dramático. Consiste em duas partes: antes de chegar em Recife e depois. Antes de chagar chamamos de camonho ou fuga da morte e depois em o presépio ou encontro da vida. O poema é feito em redondilha maior(sete sílabas métricas).

Fotos








Intrdução: Contexto histórico cultural



Em 1945, com o fim da Segunda Guerra Mundial, o otimismo tomou conta do mundo, e uma nova etapa de desenvolvimento pacífico parecia se aproximar. Os mais céticos, contudo, se lembravam da década de 20, após a Primeira Guerra: as mesmas esperanças tinham surgido, desfeitas pelo conflito de 1939. Assim, não se mostravam tão crédulos quanto à duração da nova era de tranqüilidade que se anunciava.
De fato, após a Segunda Guerra, o cenário político do planeta se modificou. Duas potências surgiram vitoriosas, os Estados Unidos e a União Soviética, destronando do centro decisório antigos ocupantes, como: Inglaterra e França, e aparecendo como os novos donos do mundo. Representantes de regimes sociais e políticos antagônicos, o Capitalismo e o Comunismo, passaram a disputar áreas de influência pelo mundo inteiro. Essa disputa recebeu o nome de Guerra Fria.
As duas superpotências se intrometiam nas lutas internas das regiões disputadas, como Coréia e Vietnã, fornecendo armas a uma das facções, com objetivos políticos. Com isso, essas regiões acabaram se transformando em campos de teste para armas avançadas, produzidas nos grandes centros tecnológicos.
Neste quadro geral, era impossível para qualquer país sustentar uma posição de neutralidade. A desobediência às regras da esfera de influência americano-capitalista, ou russo-comunista levava a punições severas no plano comercial, e mesmo à invasão pura e simples. Esta polarização ideológica impedia o surgimento de qualquer opção política aos modelos já estabelecidos.
Não era estranho ao mundo a coexistência ameaçadora de nações fortes e inimigas. Mas, naquele momento, um dado novo modificava os sentimentos que essa coexistência provocava: a bomba atômica. Laçada pelos americanos pela primeira vez no Japão em 1945, vitimando milhares de pessoas, funcionou como um recado aos planos expansionistas dos russos. Estes logo alcançaram a tecnologia atômica e a guerra nuclear passou a ser uma ameaça bastante palpável. Se acontecesse a terceira guerra mundial, o duvidoso consolo que todos tinham era o de que certamente seria a última.
No plano internacional, o ano de 1945 indicou uma nova era de esperanças, com o fim da Segunda Guerra. Também no Brasil, este ano marcou o término da ditadura de Vargas, abrindo perspectiva para um período democrático na vida política nacional. O fato do presidente eleito no ano seguinte ter sido Eurico Gaspar Dutra, que tinha sido ministro do governo Vargas, mostrou que o ditador deposto não estaria completamente ausente do cenário político.
Esta impressão se comprovou quando, nas eleições seguintes Getúlio concorreu, e ganhou. O ex-ditador voltava ao poder agora eleito democraticamente. A classe média intelectualizada temia um novo golpe de estado como o já penetrado por Vargas em 1937, e alguns de seus setores passaram a criticar as atitudes dúbias do presidente. A frustrada tentativa de assassinato do jornalista Carlos Lacerda, que fazia oposição aberta ao governo, acabou vitimando um major da Aeronáutica, e o governo se viu na obrigação de apurar os fatos. Todos os indícios levavam ao governo federal, e a pressão para uma renúncia voltou a assombrar a carreira de Getúlio. Em agosto de 1954, Vargas se suicidou.
Apesar do clima tenso que sucedeu ao suicídio, a normalidade democrática acabou por se instalar, e novas eleições foram convocadas. O presidente eleito, Juscelino Kubitschek, apareceu como solução modernizadora para o atraso brasileiro. Ele prometia realizar obras de "cinqüenta anos em cinco" para acelerar o nosso progresso. Um dos seus atos mais relevantes foi a transferência da capital, do Rio de Janeiro para o interior do país, em Brasília, cidade planejada e construída durante seu governo.
Sucedendo Juscelino, assumiu a presidência Jânio Quadros, em 1961. Contudo, depois de poucos meses de uma administração medíocre, ele renunciou, por motivos até hoje obscuros. O vice-presidente João Goulart não contava com o apoio das Forças Armadas. Os militares acreditavam que Goulart entregaria o país ao comunismo do qual era simpatizante e tentaram impedir-lhe a posse. Firmou-se um acordo político que criou o Parlamentarismo. Este foi desfeito pelo presidente, depois de um plebiscito que indicou a insatisfação popular com o novo modelo. As Forças Armadas passaram a arquitetar a deposição do presidente, o que de fato aconteceu com o golpe de estado de 1964.
Durante a década de 50, a arte brasileira se beneficiou do estado de relativa democracia vivido pelo país. Pesquisas formais indicavam caminhos novos para todos os setores artísticos. A literatura, a música, a pintura, a arquitetura, o cinema, o teatro, passavam por momento de renovação estilística. Essa renovação incluía a vertente política da arte. A União Nacional dos Estudantes (UNE) criou os Centros Populares de Cultura (CPC), que buscavam formas de comunicação artística com as massas, realizando apresentações de música e teatro em portas de fábricas e sedes de ligas camponesas.
Em literatura, surgiu o período denominado de terceiro tempo do Modernismo. Ele se caracterizou por uma retomada das preocupações formais que tinham marcado a primeira geração modernista. A palavra ganhou importância, assumida como centro da expressão estética. A reflexão em torno da arte (metalinguagem) alcançou níveis de elaboração bastante altos, em virtude do clima de discussão que se instalava no país.
O experimentalismo, isto é, a busca de novas formas de elaboração da linguagem literária, colocou a literatura brasileira em um patamar bastante semelhante ao de outras nações do mundo. Na poesia, a chamada "geração de 45" (grupo de poetas do terceiro tempo) tentou aliar os avanços modernistas com uma tonalidade clássica.
A preocupação com os destinos da sociedade perdeu o tom localista e regional que tinha tido nas décadas de 30 e 40. A iminência de um conflito nuclear que poderia dizimar a espécie humana fez com que todos passassem a se preocupar com a humanidade como um todo. O pessimismo dominou as concepções filosóficas do período. A ficção se voltava cada vez mais para o interior do ser humano, tentando encontrar ali a chave para a compreensão dos conflitos sociais. João Cabral de Melo Neto foi o principal representante da geração 45. Como outros poetas dessa época, apresentava uma grande preocupação com a construção do poema e com sua forma visual, insistindo na composição de métrica regular. No entanto, ele se destacou pela qualidade de sua poesia. Utilizando-se de uma expressão sintética, fugindo a qualquer tipo de derramamento ou sentimentalidade, João Cabral conseguiu à palavra poética a contundência da pedra. No poema dramático Morte e vida severina, a dureza da expressão corresponde formalmente às dificuldades e desalentos da história do retirante que aperte em direção ao litoral em busca de vida, e só encontra morte pelo caminho. O subtítulo do poema, auto de natal pernambucano, confirma a esperança do título no advento de uma nova vida, que represente a redenção do povo nordestino.
Fernando Marcílio
Morte e Vida Severina - Enredo
Publicada pela primeira vez em 1954 e encenada com grande sucesso em inúmeros palcos do Brasil e de outros países, esta obra, de João Cabral de Melo Neto, estrutura-se na forma de auto, peça de origem medieval e popular.
Além da grande sonoridade provocada pela predominância de versos em redondilha maior (verso de 7 sílabas poéticas, também pertencente à tradição medieval) de rimas sem um esquema regular mas constantes, de repetições de palavras e de versos inteiros. Morte e vida severina prende a atenção do leitor-ouvinte por combinar simplicidade e concentração, fortes imagens visuais e auditivas com uma linguagem muito próxima do registro oral.
Nela, o autor tematiza o itinerário do retirante nordestino, que parte do sertão paraibano em direção ao litoral, em busca de sobrevivência, devido à seca e às precárias se não insustentáveis condições de vida, para a esmagadora maioria da população.
A obra possui 18 trechos ao longo dos quais Severino, o retirante, primeiro apresenta-se ao leitor para em seguida ir relatando, com o auxílio de outras vozes, outros personagens encontrados na travessia, as etapas de que ela se compõe até chegar no Recife, onde o rio se encontra com o mar... Ora dialogando individualmente com ele, ora funcionando como um coro, tais vozes dão mobilidade aos trechos e ressoam de modo a contagiar os que seguem as pegadas do protagonista, explicitadas por títulos que resumem os seus movimentos principais, de forma semelhante às titulações dos capítulos dos romances medievais.
Para facilitar o entendimento do enredo de Morte e vida severina, vamos dividi-lo em duas partes: a primeira compreendendo dos trechos 1 ao 9, e que consiste na viagem da Paraíba ao Recife; e a segunda compreendendo dos trechos 10 ao 18, nos quais aparecem as experiências vividas pelo retirante na cidade grande.
1ª Parte - Do interior da Paraíba ao Recife: a busca da vida x a sucessão de mortes.
Antes de narrar a história de sua vida, Severino, cujo nome de próprio se tornou comum (elemento que estudaremos na seção Personagens), identifica-se ao leitor no trecho 1 - "O retirante explica ao leitor quem é e a que vai" - como personificação de um tipo humano e brasileiro: o oprimido socialmente, o retirante cuja vida é determinada pelas desigualdades econômicas que se mantêm irreparáveis.
Mas para que me conheçam
melhor Vossas Senhorias
e melhor possam seguir
a história de minha vida,
passo a ser o Severino
que em vossa presença emigra
Nas etapas desta emigração o que vemos através de seus sonhos, é sempre a morte interrompendo a vida.
No 2º trecho, por exemplo, intitulado Encontra dois homens carregando um defunto numa rede, aos gritos de: ó irmãos das almas! Irmãos das almas! Não fui eu que matei não', há um diálogo entre o Severino-retirante e os carregadores daquele corpo, o corpo do Severino-lavrador.
Aqui se alternam quartetos de versos com 7 e 4 sílabas poéticas, e se repetem no 2º verso de cada quarteto as expressões "irmãos das almas" (quando a fala é de Severino) e "irmão das almas" (quando a fala é dos carregadores do corpo), formando uma espécie de refrão, de ladainha, de coro, que fortalecem a dramaticidade e o lirismo de muitas partes do texto.
O diálogo nos informa que Severino-lavrador morreu "de morte matada", assassinado à bala, numa emboscada, por "Ter uns hectares de terra.../ de pedra e areia lavada / que cultivava". Às perguntas de Severino-retirante sobre quem o emboscou e que roças "ele podia plantar / na pedra avara", e também sobre o por que o fizeram as respostas são: "- Ali é difícil dizer / irmão das almas. / Sempre há uma bala voando / desocupada", "- Nos magros lábios de areia, irmão das almas, dos intervalos das pedras, / plantava palha" e "- Queria mais espalhar-se / irmão das almas, / queria voar mais livre / essa ave-bala". Vemos assim, as imagens da "ave-bala" e dos "magro lábios de areia", tanto a impunidade do crime quanto a estreiteza do pedaço de terra que o deflagra:
"- Tinha somente dez quadras, / irmão das almas, / todas nos ombros da serra, "nenhuma várzea"...
Severino retirante se oferece para ajudar a levar o morto, o que permite que m dos condutores possa voltar para casa. Uma fala final deste trecho exemplifica a ironia com que é retratada a morte, de forma crescente à medida que aumenta o número de cadáveres: "- Mais sorte tem o defunto, / irmãos das almas, / pois já não fará na volta / a caminhada".
No 3º trecho - O retirante tem medo de se extraviar porque seu guia, o rio Capibaribe, cortou com o verão - as imagens das vilas e cidades por onde Severino-retirante vai passar com um rosário, e da estrada como uma linha, enriquecem-se com a imagem do Capibaribe. O rio-guia, identificado como o homem do nordeste, tem uma sina a cumprir, mas no verão a seca o interrompe, e ele se transforma em "pernas que não caminham...
Entretanto, o som de uma categoria orienta o viajante, que encontra, ao segui-la, o segundo defunto - trecho 4; Na casa a que o retirante chega estão cantando as excelências para um defunto, enquanto um homem, ao lado de fora, vai parodiando as palavras dos cantadores. Nos trechos 5 e 6, e nos trechos 7 e 8, mais duas interrupções ocorrem na travessia do retirante. A primeira (referente aos trechos 5 - Cansado da viagem, o retirante pensa em interrompê-la por uns instantes e procurar trabalho onde se encontra e 6 - Dirige-se à mulher na janela que depois descobre tratar-se de quem se saberá) decorre do cansaço de Severino. Perante a sucessão de mortes que testemunha vontade de, como o rio, "interromper sua linha", permanecer onde está. Vê, então, uma mulher na janela que lhe parece "remediada" e resolve perguntar-lhe por trabalho. O diálogo entre o protagonista e a mulher faz com que primeiro, respondendo às perguntas dela, enumere os ofícios que já teve (lavrador, vaqueiro, moedor de cana em engenhos, "suportar o sol" e, "havendo ou não (trabalho) trabalhar"), enquanto a mulher indaga se sabe "benditos rezar, cantar excelências, defuntos encomendar..." Trata-se de uma encomendadora de mortos, que "se soubesse rezar ou mesmo cantar" lhe proporia sociedade, "que a freguesia bem dá".
O diálogo então se inverte, Severino quer saber "como a senhora, comadre, pode manter seu lar" e ela, rezadora titular de toda a região, responde-lhe: "- Como aqui a morte é tanta, / só é possível trabalhar / nessas profissões que fazem / da morte ofício ou bazar'. Enumera por sua vez os "profissionais da morte" - farmacêuticos, coveiros, "doutor de anel no anular"- denominado-os "retirantes às avessas", isto é, pessoas que sobem do mar para o sertão e cultivam os "roçados da morte", os quais ironicamente "nem é preciso esperar / pela colheita: recebe-se na hora mesma de semear.."
Nos trechos 7 - o retirante chega à zona da mata, que o faz pensar, outra vez, em interromper a viagem e 8 - Assiste ao enterro de um trabalhador de eito e ouve o que dizem do morto os amigos que o levam ao cemitério - a chegada a uma terra "mais fácil, doce e rica" enche de esperanças o coração do retirante.
Mas, em vez de gente ele vê apenas, numa várzea, um bangüê velho em ruína, o que o leva a conclusões apressadas: "Por onde andará a gente / que tantas canas cultiva? / Feriando: que nesta terra / tão fácil, tão doce e rica, / não é preciso trabalhar / todas as horas do dia, / os dias todos do mês, / os meses todos da vida..."
Tais conclusões são desmentidas no trecho 8, um dos mais conhecidos do texto, no qual o coro dos amigos do morto é uma forma de condenar, agora mais concentradamente, o que já vinha sendo denunciado desde o início; a desigualdade social, o extremo desamparo dos pobres perante o latifúndio, o coronelismo, as grandes oligarquias.
Os versos dirigem-se ao morto, cuja cova "é a parte que te cabe / neste latifúndio, é a terra que querias / ver dividida", é onde "estarás mais ancho / que estavas no mundo", é onde "mais que no mundo / te sentirás largo..."
Assim, o trabalho exercido com justiça e dignidade associa-se com a terra de que, "além de senhor / será homem de eito e trator (...). Serás semente, adubo, colheita" numa terra que "Também te abriga e te veste: / embora com o brim do nordeste".
Esta enumeração de imagens acaba por identificar o homem morto com a terra onde deveria trabalhar, de onde precisaria tirar o seu sustento, mas que agora... "- Se abre o caixão e te abriga, / lençol que não tiveste em vida; - Se abre o chão e te fecha, / dando-te agora cama e coberta; / - Se abre o chão e te envolve / como mulher com quem se dorme".
No trecho 9 - o retirante resolve apressar os passos para chegar logo ao Recife - novamente Severino fala com o leitor, por um lado afirmando não ter sentido diferença "entre o Agreste e a Caatinga, e entre a Caatinga e aqui a Mata" e, por outro, lado identificando-se mais com o rio ("vive a fugir de remansos, / a que a paisagem o convida, / com medo de se deter, / grande que seja a fadiga"), chegar logo "ao fim dessa ladainha", ao Recife, "derradeira ave-maria do rosário, derradeira invocação da ladainha, / Recife, onde o rio some / e essa minha viagem se finda..."
2ª Parte
O retirante na cidade grande: a sucessão de mortes x a explosão da vida.
A partir do trecho 10 - Chegando ao Recife, o retirante senta-se para descansar ao pé de um muro alto e caiado e ouve, sem ser notado, a conversa de dois coveiros - Severino inicia seu trabalho pela cidade grande.
Dois coveiros - um do bairro de Casa Amarela e outro do bairro de Santo Amaro - conversam, o primeiro querendo deixar seu cemitério, cujo vaivém de mortos compara com " paradas de ônibus, com filas de mais de cem", e o segundo comparando o setor do cemitério onde trabalha com "a estação de trens: diversas vezes por dia chega o comboio de alguém".
Enquanto isso, afirma o coveiro de Santo Amaro, "As avenidas do centro / onde se enterram os ricos, / são como porto do mar: / não é ali muito serviço: no máximo um transatlântico / chega ali cada dia / com muita pompa, protocolo / e ainda mais cenografia". A estes bairros (dentro do cemitério) de usineiros, políticos, banqueiros, industriais, etc, contrapõem-se, continua o coveiro de Santo Amaro, os bairros dos funcionários, dos jornalistas, dos escritores, dos artistas, dos bancários, etc,...
O coveiro de Casa Amarela reconhece um bairro dessa gente no cemitério do qual quer sair; "Raras as letras douradas, / raras também as gorjetas", e conta ao amigo que conseguiu do administrador mudar de bairro, não de cemitério.
Então, o interlocutor comenta: "Passas para o dos operários, / deixas o dos pobres vários; / melhor, não são tão contagiosos, / e são muito menos numerosos".
A conversa prossegue com ambos os coveiros falando dos indigentes, "da gente retirante / que vem do sertão tão longe... Não podem continuar, / pois tem pela frente o mar. / Não tem onde trabalhar / e muito menos onde morar... essa gente do sertão / que desce para o litoral, sem razão, fica vivendo no meio da lama, / comendo os siris que apanha; / Pois, bem: quando sua morte chega / temos que enterrá-los em terra seca..."e com a sugestão de que morressem no rio, facilitando o trabalho deles. Enfim, a conclusão a que chegam é de que o erro dos sertanejos é virem seguindo "seu próprio enterro".
Severino, após ouvir tais palavras, aprende que "nessa viagem que eu fazia, / sem saber desde o Sertão, / meu próprio enterro eu seguia..." e encontra como solução apressar a própria morte, como o coveiro a descrevera / jogar-se no Capibaribe "que rio, aqui no Recife, / não seca, vai toda vida..."(trecho 11 - o retirante aproxima-se de um dos cais do Capibaribe).
Do trecho 12 ao 13 ocorre o encontro de Severino com Seu José, um mestre carpina que defende a vida, "mesmo que em retalhos, a vida de cada dia, que cada dia deve ser conquistada". Após o trecho 12 (Aproxima-se do retirante um morador de um dos mocambos que existem entre o cais e a água do rio) há a notícia do nascimento de uma criança, filha do carpinteiro (trecho 13 - Uma mulher, da porta de onde saiu o homem, anuncia-lhe o que se verá), e, no trecho 14 (Aparecem e se aproximam da casa do homem vizinhos, amigos, duas ciganas, etc), 15 (Começam a chegar pessoas trazendo presentes para o recém nascido), 16 (Falam as duas ciganas que tinham aparecido com os vizinhos) e 17 (Falam os vizinhos, amigos, pessoas que vieram com presentes, etc) a celebração do evento transcorre.
Os presentes humildes dos amigos, os prognósticos das ciganas vindas dos "Egitos" (a primeira vendo a criança como um futuro pescador e a segunda como um operário, alguém de condição e de moradia melhores), as falas dos presentes, reconhecendo que "o menino magro / de muito peso não é, mas tem o peso de homem, de obra de ventre de mulher" e poeticamente o descrevendo ("é belo como o coqueiro / que vence a areia marinha...", "é tão belo como um sim / numa sala negativa",... "belo porque é uma porta / abrindo-se em mais saídas...", "belo porque corrompe / com sangue novo de anemia..." criam atmosfera do trecho 18, que finaliza o poema.
Nele - O carpina fala com o retirante que esteve fora, sem tomar parte em nada"- o pai do menino recém-nascido mostra o filho como fato-exemplo de que a vida deve ser celebrada ela própria, que a sua explosão - que assemelha ao nascimento de mais um pobre o renascimento da existência - pode inverter a seqüência de sombras em que mergulhara o retirante, e com ele o leitor, e substituí-la por outra resposta: "E não há melhor resposta / que o espetáculo da vida: / vê-la desfiar seu fio, / que também se chama vida, / ver fábrica que ela mesma, / teimosamente, se fabrica, / vê-la brotar como há pouco / em nova vida explodida; / mesmo quando é assim pequena / a explosão, como a ocorrida; / mesmo quando é a explosão / como a de há pouco, franzina; / mesmo quando é a explosão / de uma vida severina".
Morte e Vida Severina - Personagens
Além do mestre carpinteiro que representa a possibilidade de esperança na vida através da própria vida se fazendo e refazendo, o protagonista da obra, seu personagem modelar de quem o mestre constitui a "outra face" é o retirante personificado por Severino. Vamos, então, analisá-lo.
No primeiro trecho, ele se apresenta aos leitores - pessoas letradas e pertencentes ao mundo urbano - chamando-as de "Vossa Senhorias" e inicialmente procurando distinguir-se enquanto indivíduo.
Para fazê-lo, detalha ao máximo o seu nome - "é o Severino / da Maria do Zacarias, / lá da Serra da Costela, / limites da Paraíba". Entretanto, isso ainda diz pouco: "Se ao menos mais cinco havia / com o nome de Severino / filhos de tantas Marias / Mulheres de outros tantos, / já finados, Zacarias, / vivendo na mesma Serra / magra e ossuda em que eu vivia".
Neste trecho que inicia o auto, um de seus eixos temáticos fundamentais pode ser notado com facilidade: o anonimato de uma gente cuja vida só tem a morte como horizonte - "E se somos Severinos / iguais em tudo na vida, / morremos de morte igual, / mesma morte severina, / que é a morte de quem se morre / de velhice antes dos trinta, / de emboscada antes dos vinte, / de fome um pouco por dia / de fraqueza e de doença / é que a morte severina / ataca em qualquer idade / e até gente não nascida".
Repare que a pluralização do nome próprio Severino transforma-o em nome comum, nome que simboliza a violência e a miséria de vidas tão iguais quanto as mortes... "esta morte severina".
Agora, a palavra torna-se um adjetivo que caracteriza a precariedade da existência dos seres oprimidos pela seca e pelo conservadorismo de um sistema sócio-econômico-político opressor, de estrutura anacronicamente reacionária (os severinos como descendentes do Coronel Zacarias, o "mais antigo senhor desta sesmaria", e de mães chamadas Marias...)
A sina, o destino, a fatalidade de "abrandar pedras", de "tentar despertar terra sempre mais extinta" constituiu outro elemento temático que persiste ao longo de todo o texto, cujo conteúdo de denúncia social fica nítido no enredo, na caraterização do personagem principal e modelar do livro, Severino, e, como veremos, no tempos/espaço e na linguagem da obra.
Morte e Vida Severina - Tempo / espaço
Os aspectos temporais espaciais de Morte e vida severina entrelaçam-se a características da obra estudadas em seu enredo e através de seu protagonista, Severino. Enquanto o tempo é indeterminado cronologicamente, dando-nos a situação da seca como único marcador, que parece eternizá-lo, o espaço possui um movimento de deslocamento mais simbólico que real, embora aconteça de fato.
Isto porque a travessia do retirante do Agreste para a Caatinga, da Caatinga para a Zona da Mata, da Zona da Mata para o Recife, não apenas não muda as suas perspectivas de vida, mas, ao contrário, apenas intensifica o acúmulo de mortes que o leva a pensar em jogar-se no rio e apressar a própria morte.
Assim, tanto tempo quanto o espaço intensificam o caráter de denúncia social do texto, o qual , pela simbologia da vida representada via nascimento de uma criança, e via significado desse nascimento de acordo com as palavras do mestre carpina, conjuga a denúncia de que reveste com um lirismo que não chega nem pretende chegar a seu redentor, reconfortante, mas que colore de tons substantivamente poéticos a possibilidade de esperanças presente em Morte e vida severina.
Morte e Vida Severina - Linguagem
Conhecido como "engenheiro da palavra" por sua poesia precisa, substantiva, elíptica, mais plástica que musical, João Cabral de Melo Neto surpreendeu alguns críticos ao conseguir conjugar tais características, que mantêm na obra que lemos, com outros recursos que o tornam mais "legível" e conseqüentemente menos "hermético". Tais recursos estão vivos na linguagem concisa mas fluída e permeada de expressões e musicalidade popular de Morte e vida severina, na sedução de sua leitura pelos fortes traços orais, pelas rimas e repetições que não enfraquecem, mas, ao contrário, intensificam a tensão dramática, e principalmente no lirismo que soletra a vida e a celebra, ao mesmo tempo em que denuncia de forma implacável os fatores que a impedem de expandir-se: a seca e os arbítrios, os desmandos, os responsáveis por ela e por suas conseqüências.
Vamos terminar este trabalho com a opinião de um estudioso e mais um fragmento do texto, para lermos, relermos e reconhecermos sua intensidade enquanto texto literário e enquanto peça teatral.
“A visão plástica (...) é tão predominante em João Cabral de Melo Neto que acarreta o quase amortecimento do lado musical (...). Dessa forma, sua poesia pode parecer - ante uma tradição que tem timbrado em requintar o lado musical (e/ou rítmico e/ou fônico) - algumas vezes "dura" aos menos avisados ou mesmo aos pseudo-avisados (...). E não estranhará que tenha sido a consciência disso que o tenha levado, quando quer obter efeitos rítmicos mais definidos, aos metros tradicionais da redondilha e do romance. Mas a repulsa aos apoios fonéticos não necessários à sua visão poética é tal, que raríssimos são os casos de rimas, salvo as toantes, e estas são freqüentes sobretudo como "molde" ou "fôrma" para a obtenção de uma certa fixidez poemática (...). Chega à situação de um sábio que esgotou toda a teoria neutra de sua ciência, viu que por sua pretensa neutralidade era uma ciência a serviço, viu mais - que a serviço de uma causa que não era a da ciência mesma e se perguntou qual seria, pois, aquela ciência sincera, que se pudesse pôr a serviço do homem...” Antônio Houaiss, obra citada

Morte e Vida Severina

Morte e Vida Severina
João Cabral de Melo Neto Adicionar imagem

Gênese e história da obra


Morte e Vida Severina foi escrito em 1954/55, por encomenda de Maria Clara Machado, então diretora do grupo O Tablado, que não pôde levar ao palco a peça. Publicado inicialmente no livro Duas Águas (1956), o texto foi finalmente montado pelo grupo do TUCA (Teatro da Universidade Católica de São Paulo), dirigido por Roberto Freire e Silnei Siqueira, com música de Chico Buarque de Holanda, e obteve sucesso mundial numa turnê em 1966. A partir daquele ano, passou a integrar o volume Poemas em Voz Alta, que reúne a parcela mais comunicativa da obra do "poeta engenheiro".

As duas águas de João Cabral de Melo Neto

João Cabral de Melo Neto (Recife, 1920) dividiu sua obra em duas "águas", duas facetas como as do telhado de uma casa: a primeira seria a da comunicação restrita, elaborada e de difícil consumo; a segunda, uma poesia mais popular, de compreensão mais imediata, de comunicação com um público mais amplo e menos cultivado. Nesta última se incluem os seus "poemas em voz alta", que foram escritos para serem lidos a um público ouvinte. O poema dramático Morte e Vida Severina com certeza pertence à segunda ''água", pois, embora tenha algumas características fundamentais do poeta cerebral que é João Cabral como o rigor formal da metrificação variada e aproximativa e das rimas toantes e o "falar com coisas", a utilização de imagens contundentes e concretas foi escrito com o intuito de alcançar um público maior e recorre a diversas fontes da poesia popular na sua elaboração.

Um Auto de Natal Pernambucano - influências

O subtítulo do livro revela seu débito aos autos sacramentais da tradição ibérica medieval, dos quais herda o teor poético e alegórico, assim como uma tendência à justaposição das cenas e à sátira dos costumes. Além de se inspirar na antiga poesia narrativa ibérica, os romances, João Cabral reelabora parodicamente, nas cenas do presépio final a poesia do folclore pernambucano. Outra influência clara na concepção do livro é o Regionalismo de 30, com sua preocupação realista de observação, crítica e denúncia social que podemos encontrar em autores como José Américo de Almeida, Rachel de Queirós e, principalmente, Graciliano Ramos.

O enredo: da morte à vida severina

A inversão do sintagma "vida e morte" no título da peça demonstra o percurso do retirante Severino: parte da morte no Sertão para encontrar a vida em Recife. Severino acompanha o rio Capibaribe e só vai encontrando pobreza e morte pelo caminho. Chegando a Recife, foz do rio, o mesmo se repete. Desesperançado, pensa em cometer suicídio atirando-se ao rio, quando testemunha o nascimento de uma criança que devolve a esperança à vida severina. Tanto morte quanto vida são "severinas", adjetivo neológico formado a partir do nome próprio, pois ambas se aplicam a todos os "severinos" quase anônimos do Sertão nordestino.

Estrutura geral

Morte e Vida Severina se divide em 18 cenas ou fragmentos poéticos, todos precedidos por um título explicativo de seu conteúdo, praticamente resumos do que encontramos nos poemas em si. Podemos separá-los em dois grandes gupos: as primeiras 12 cenas descrevem a peregrinação de Severino. Trata-se do Caminho ou Fuga da Morte. Nesta parte o poeta habilmente alterna monólogos de Severino com diálogos que trava ou escuta no caminho; as últimas 6 cenas apresentam O Presépio ou O Encontro com a Vida, em que é descrito o nascimento do filho de José, mestre carpina, em clara alusão ao nascimento de Jesus.

As cenas da morte

1. (Monólogo) - Severino se apresenta. Tem dificuldades para se diferenciar dos outros "severinos", pois são "iguais em tudo na vida". Este Severino representa a todos.

2. (Diálogo) - Conversa com dois homens carregando um defunto numa rede.

3. (Monólogo) - Teme se perder porque o rio Capibaribe secou com o verão.

4. (Diálogo) - Ouve cantarem excelências para um defunto dentro de uma casa, enquanto um homem, do lado de fora, vai ironizando as palavras dos cantadores.

5. (Monólogo) - Cansado da viagem e desiludido, pensa interrompê-la por algum tempo e procurar trabalho ali onde se encontra.

6. (Diálogo) - Dirige-se a uma mulher na janela em busca de trabalho, mas esta, rezadeira, diz que por lá não há serviço para lavradores como ele, só para quem lida profissionalmente com a morte.

7. (Monólogo) - Chega, maravilhado, à Zona da Mata, região de vegetação mais rica, que o faz pensar, outra vez, em interromper a viagem.

8. (Diálogo) - Assiste ao enterro de um lavrador e ouve os amigos do morto dizerem, com ironia, que agora sim este tinha a sua terra, a terra da cova rasa.

9. (Monólogo) - Cercado pela morte, resolve apressar os passos para chegar logo a Recife, na esperança de uma mudança para melhor.

10. (Diálogo) - Chegando a Recife, senta-se para descansar ao pé do muro de um cemitério e ouve, sem ser notado, a conversa pessimista de dois coveiros.

11. (Monólogo) - Desiludido, aproxima-se de um dos cais do Capibaribe e pensa em se atirar ao rio para acabar de vez com seu sofrimento.

12. (Diálogo) - Conversa com José, mestre carpina, morador de um dos mocambos à margem do rio, e lhe pergunta se não é melhor se atirar logo ao rio e à morte.

O presépio: encontro com a vida

13. Uma mulher, da porta da casa de José, anuncia-lhe que seu filho nascera.

14. Os vizinhos, os amigos, duas ciganas, etc. cantam em louvor ao menino.

15. Falam as pessoas que trazem presentes de todos os tipos e de todos os cantos de Pernambuco para o recém-nascido.

16. Falam as duas ciganas que haviam aparecido com os vizinhos. Uma prevê uma vida enlameada de pescador pobre, outra de operário um pouco menos pobre.

17. Todos cantam a beleza do recém-nascido. Beleza da novidade, da vida que se multiplica e renova, incansável.

18. O carpina responde à pergunta que Severino fizera, reafirmando o valor da vida, mesmo que seja "severina".

Resumo:
Severino é um retirante: ele é como muitos outros e que está partindo para o litoral, fugindo da seca, da morte _ _ . A vida na Capital parece mais atraente, mais "vida", menos "severina". Em suas andanças, entretanto, Severino se depara a todo momento não com a vida, mas sim com o que já conhece como coisa vulgar: a morte e o desespero que a cerca _ .
Em seu primeiro encontro com ela, o retirante topa com dois homens carregando um defunto até sua última morada. Durante uma conversa, descobre que o pobre coitado havia sido assassinado e que o motivo fora ter querido expandir um pouco suas terras, que praticamente não eram produtíveis _ _ . O retirante segue sua viagem e percebe que na região onde se encontra, nem o rio Capibaribe - seco no verão - consegue cumprir o seu papel. Severino sente medo de não conseguir chegar ao seu destino.
Escuta, então, uma cantoria e, aproximando-se, vê que está sendo encomendado um defunto. Pela primeira vez, Severino pensa em interromper sua "descida" para o litoral e procurar trabalho naquela vila. Ao dirigir-se a uma mulher, descobre que tudo que sabe fazer não serve ali, e o único trabalho existente e lucrativo é o que ajuda na morte: médico, rezadeira, farmacêutico, coveiro _ _ . E o lucro é certo nessas profissões, pois não faltam fregueses, uma vez que ali a morte também é coisa vulgar _ .
Se não há como trabalhar, mais uma vez Severino retoma seu rumo e chega à Zona da Mata, onde novamente pensa em interromper sua viagem e se fixar naquela terra branda e macia, tão diferente da solo do Sertão. Mais do que isso: começou a acreditar que não via ninguém porque a vida ali deveria ser tão boa, que todos estavam de folga e que ninguém deveria conhecer a morte em vida, a vida severina _ . Ilusão de quem está à procura do paraíso: logo Severino assiste ao enterro de um trabalhador de eito e ouve o que dizem do morto os amigos que o levaram ao cemitério _ . Severino se dá conta que ali as privações são as mesmas que ele conhece bem e que também a única parte que pode ser sua daquela terra é uma cova para sepultura, nada mais _ _ .
O retirante resolve então apressar o passo para chegar logo ao Recife. Severino senta-se para descansar ao pé de um muro alto e ouve uma conversa _ . É mais uma vez a morte rondando, são dois coveiros que lhe dão a má notícia: toda a gente que vai do Sertão até ali procurando morrer de velhice, vai na verdade é seguindo o próprio enterro, pois logo que chegam, são os cemitérios que os esperam _ _ _ .
Severino nunca quis muito da vida, mas está desiludido: esperava encontrar trabalho, trabalho duro mas agora - desespero! - já se imagina um defunto como aqueles que os coveiros descreviam, faltava apenas cumprir seu destino de retirante _ _ _ .
Nesse momento, aproxima-se de Severino seu José, mestre carpina, morador de um dos mocambos que havia entre o cais e a água do rio. O retirante, desesperançado, revela ao mestre carpina sua intenção de suicídio, de se jogar naquele rio e ter uma mortalha "macia e líquida". Se José tenta convencer Severino que ainda vale a pena lutar pela vida, mesmo que seja vida severina _ . Mas Severino não vê mais diferença entre vida e morte e lança a pergunta: "que diferença faria/ se em vez de continuar/tomasse melhor saída:/a de saltar, numa noite,/ fora da ponte e da vida?"
Da porta de onde havia saído o mestre carpina, surge uma mulher, que grita uma notícia. Um filho nascera, o filho de seu José _ ! Chegam vizinhos, amigos, pessoas trazendo presentes ao recém-nascido _ _ . Vêm também duas ciganas, que fazem a previsão do futuro do menino: ele crescerá aprendendo com os bichos e no futuro trabalhará numa fábrica, lambuzado de graxa e, quem sabe, poderá morar num lugar um pouco melhor _ .
Severino assiste ao movimento, ao clima de euforia com a vinda do menino _ _ . O carpina se aproxima novamente do retirante e reata a conversa que estavam levando. Diz que não sabe a resposta da pergunta feita, mas, melhor que palavras, o nascimento da criança podia ser uma resposta: a vida vale a pena ser defendida